O Caribe está sempre presente nos sonhos dos viajantes, principalmente os brasileiros. A gente já postou sobre Los Roques, uma opção simples e barata, que se contrapõe ao resorts milionários que estamos acostumados a ver naquela região. Mas Los Roques não está sozinha. Cuba é sempre um destino incrível, simples e pra lá de apaixonante. Minha amiga Carla esteve lá há poucas semanas e trouxe esse relato que é capaz de deixar qualquer um com vontade de pegar o primeiro avião!
Ao pensar em uma viagem para Cuba, a primeira coisa que pode vir à cabeça das pessoas é um Resort numa praia paradisíaca do Caribe. Sim, essa opção existe, mas muito pouco se conhece do país e de sua cultura quando o viajante encontra-se sob os limites dos arredores de um Resort. Com o objetivo de ver como a vida é lá, comer a comida que se come tradicionalmente e conversar com pessoas locais, decidimos ir para dois destinos históricos: Havana e Santiago de Cuba. Havana Quando chegamos em Havana, a primeira coisa que nos impressionou foram as cores da cidade. Carros antigos coloridos, pessoas com roupas coloridas e a música cubana (o son,em especial) em cada canto de Habana Vieja, o centro da cidade. Os músicos locais nas praças e bares colocam no chinelo qualquer show do Buena Vista Social Club que pode ser visto aqui no Brasil.
Com a câmera pendurada no pescoço, passamos todos os três dias na cidade fotografando cada canto, cada olhar e se pudéssemos, teríamos capturado também o cheiro da comida caseira gostosa, oferecida nos restaurantes estatais denominados Paladares.
Mas o que é um ‘Paladar’? É um restaurante estatal que geralmente é a casa de uma família cubana licenciada para oferecer refeições à população. Portanto, entrávamos nesses restaurantes com cara de casa, com a decoração que nos fazia lembrar a casa da vovó lá na década de 70 e 80, e pedíamos uma refeição que era surpreendentemente simples e gostosa: carne de porco, boi ou peixe, com salada, arroz com feijão e batata doce ou banana chips. Comida cubana com cara de comida caseira brasileira faz qualquer um de nós se sentir em casa! E sempre tinha como puxar papo com cubanos que estavam no local. Eles, sempre simpáticos, davam sugestões e sempre tinham boas coisas a dizer dos poucos brasileiros que por lá já encontraram.
História! História! História! Em cada canto, se respira a história do lugar. Em cada canto há uma lembrança da Revolução Socialista de Fidel, Che e Cienfuegos. E todos que encontrávamos tinham algo a acrescentar sobre a vida vivida lá.
Muitos me perguntaram aqui no Brasil se o cubano era feliz. Bem, a felicidade é algo questionável mesmo em países ricos com excelente infra-estrutura. Portanto, minha resposta à essa pergunta é a seguinte: há pessoas descontentes, mas isso acontece em todos os países que conheço, afinal, o descontentamento é imprescindível para que haja mudanças. Mas de forma geral, o cubano tem acesso à todas as coisas básicas necessárias para viver: comida, escola e saúde.
E um cubano que conheci, que estava ansioso para que houvesse progresso em seu país estranhou três conceitos que no Brasil são de imediata compreensão: pessoas sem ter onde morar, saúde privada com acesso a poucos e crianças na rua pedindo dinheiro ou vendendo balas no farol. Foram 60 minutos de explicação para que ele entendesse como isso era possível já que essa realidade não existe em seu país. Santiago de Cuba Lá no sul da ilha Cubana, há o local onde foi dado o início à Revolução Cubana: Santiago de Cuba. E foi a história que nos motivou a conhecer o lugar, pouco frequentado por turistas em geral. Como um quebra-cabeças, cada lugar visitado adicionou uma peça que nos ajudava a compreender melhor o que havia acontecido ali. Santiago é uma cidade mais arborizada e de todos os lugares pode-se enxergar a Sierra Maestra com lugares incríveis para visitar e vistas fascinantes da cidade e do mar. Percebemos aos poucos que esta cidade é culturalmente diferente de Havana.
A música Santiaguera é um exemplo: ouve-se a trova, o bolero e outros gêneros musicais que em Havana não encontramos. Assim como no Brasil, a religião católica sofre fortes influências das religiões africanas, como o candomblé e a umbanda: mais uma semelhança que nos fazia sentir em casa em um país tão pouco conhecido por nós. Da viagem inteira, um dia especial foi a nossa visita a Siboney: almoço na casa de um local, frutos do mar recém pescados preparados em sua cozinha e servido no quintal da sua casa. Estávamos de fato dentro de uma casa cubana e sempre fomos recebidas com muita hospitalidade. Depois uma paradinha na praia de Siboney, frequentada por locais e alguns poucos turistas, com uma vista linda e uma piña colada perfeita preparada numa barraquinha simples por gente muito simpática. Dificuldades? Enfrentamos as mesmas que enfrentaríamos em qualquer outro lugar: vôo que atrasa, dificuldade de comunicação porque o nosso espanhol deixava a desejar, um restaurante caro com serviço ruim.... coisas que podem acontecer até em países de primeiro mundo. Quer ir pra Cuba? Vá de coração aberto e largue para trás qualquer impressão que tenha do país para que ao chegar lá consiga interagir com tudo o que se há para oferecer. Cuba para nós é agora sinônimo de uma das melhores viagens das nossas vidas e para lá queremos voltar para conhecer outras cidades que ainda não vimos
4 Responses