Continuando a pequena série de atividades radicais que eu fiz lá na África do Sul - que já teve queda livre no Soweto e swing do estádio de Durban -, hoje chegamos até o maior bungee-jump a partir de uma ponte no planeta.
A ponte Bloukrans foi inaugurada em 1983, na região do Parque Nacional de Tsitsikamma, no litoral sul do país. Depois de algum tempo, lá em 1997, a rapaziada achou que seria divertido radicalizar a ponto de inaugurar uma plataforma de saltos por lá. E foi aí que nasceu o Face Adrenalin, com aterrorizantes 216 metros de altura. É o salto mais alto de ponte e o terceiro no geral - só perde para a Macau Tower na China e da Verzasca, na Suíça.
O roteiro da Pangea Trails chega até o bungee já na parte final do tour, alguns dias antes de chegar até a Cidade do Cabo. O hostel usado como base ali é o Tube N' Axe, que oferece algumas outras atividades como trekkings e raftings pelos rios do parque Tsitsikamma.
O Alex agendou o nosso salto para as 3 horas da tarde de uma terça-feira e é claro que desde a segunda-feira a tensão já tomava conta da gente. Acordamos na terça, nem almoçamos (o que parece óbvio, né?) e lá fomos pra van, rumo à Bloukrans.
Chegar lá é muito fácil, logisticamente falando, mas muito difícil psicologicamente (aqui eu falo por mim, a Dani estaria saltitante em 100% do tempo). Sair do carro e dar de cara com a ponte lá no fundo dá uma boa ideia da insanidade que estávamos perto de cometer.
Chegando lá, é preciso ir até o balcão de atendimento para pagar - saltar dessa ponte custa algo em torno de R$ 200 -, assinar o termo de responsabilidade (basicamente um "se eu morrer, morri!"), checar seu peso e ouvir as instruções de segurança.
Como estávamos bem adiantados, tivemos mais de uma hora pra caminhar e conhecer a estrutura do Face Adrenalin.
E assim como toda grande atração turística, o que não falta lá são coisas pra tirar o seu dinheiro. Lojinhas de souvenirs, posto de correios, bares e restaurantes ficam à disposição dos malucos que vão saltar, já saltaram ou de quem vai até lá pra se divertir com o medo alheio.
Aliás, dentro de um dos restaurantes, tem uma televisão mostrando ao vivo os saltos que acontecem na ponte. Um prato cheio para, literalmente, rir da desgraça dos outros.
Mas como a tensão era dominante por ali, essa hora livre que nós tivemos passou voando e, de repente, o monitor apareceu pra nos levar até a ponte.
O caminho é feito por uma passarela suspensa abaixo dela. Com o chão transparente! O sujeito que tem medo de altura já começa a se dar mal ali mesmo.
Um minutinho de caminhada e finalmente chegávamos até a plataforma. Uns 7 ou 8 caras trabalham ali, ajudando os saltadores e fazendo a manutenção dos equipamentos.
E aí vem umas das partes mais divertidas, e que eu nem sabia que existia. O pessoal que trabalha lá sabe que todo mundo está com a adrenalina altíssima e ansioso pra saltar logo. Pensando nisso, eles desenvolveram uma tática para fazer você se preocupar com outra coisa enquanto sua hora não chega.
Do nada, eles ligam um som num volume inacreditavelmente alto, fazendo até com que seja difícil conversar com a pessoa ao seu lado. Muita gente ficando pulando e dançando, talvez pra liberar essa adrenalina. E ai os monitores vão chamando, um por um, para encarar o desafio.
O nosso grupo tinha 12 pessoas e, pela ordem, eu seria o oitavo a saltar. Achei péssimo, já que queria logo de cara. Mas enquanto esperava, pude ver algumas caras de terror antes do salto e alegria, depois dele.
Passados os sete primeiros saltadores, o guia veio me chamar.
Aí você senta num banquinho enquanto ele coloca todo o equipamento nos seus pés e tenta te passar - inutilmente - um pouco de tranquilidade. O cara chegou a me dizer "amigo, a partir de agora você é o homem mais seguro do planeta".
Teimei em acreditar nisso, já que, estando a poucos centímetros da beirada da ponte, fica mesmo difícil botar fé nessa frase.
Diferente do salto em Durban, dessa vez eu resolvi ir descalço. Eu já vi vídeos de gente que perdeu o tênis em salto de paraquedas, então sempre acho que isso vai acontecer comigo. Se eu perdesse meu tênis no estádio, seria fácil reavê-lo, mas ali na ponte eu teria mesmo é que ficar na saudade. Então botei o pé no chão para encarar essa parada.
Enquanto me preparava, deixei minha câmera com o Alex e ele conseguiu captar bem minha tensão, momentos antes do salto.
Quando os caras terminam de instalar tudo no seu corpo, você fica com os pés imobilizados e precisa da ajuda deles pra chegar até a borda. Sensação esquisita de ter se tornado inválido. O que não deixa de ser mentira, já que a partir dali você não tem mais controle nenhum da situação.
Eu não vou descrever o salto, porque seria inútil. Assista ao vídeo e as fotos aí embaixo e na primeira oportunidade de fazer algo parecido, FAÇA! :D
O Viagem Criativa viajou à África do Sul a convite do South African Tourism e com o apoio do Travel Concept Solutions, South African Airways e Detecta Hotel
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