Há alguns meses esse humilde blog completou três anos de vida e na onda das comemorações eu fiz um post lá na nossa fanpage no Facebook (aliás, segue a gente!) contando algumas coisas que a Dani e eu fizemos pela primeira vez graças ao Viagem Criativa.
São várias coisas divertidas, alguns perrengues, mas sobretudo experiências fantásticas que viajar e conhecer novas pessoas e lugares nos trouxeram.
Pra nossa sorte, logo depois que escrevemos essa lista ela já ganhou novos ítens e um deles é o assunto desse post aqui.
Como o título do post já denuncia, não é preciso fazer muitos rodeios pra explicar qual foi essa nova experiência: sim, visitar a cratera de vulcão ativo!
O "monstro" em questão é o imponente monte Etna, que fica na ilha da Sicilia, pertinho da cidade de Catania, no sul da Itália. O Etna é o maior vulcão ativo da Europa e tem os registros mais antigos de erupção em todo o planeta, sendo que o primeiro foi documentado no ano 425 antes de Cristo.
Aliás, imponente foi a palavra mais adequada que encontrei pra descrever o Etna, já que quando você está pousando no aeroporto de Catania, tem essa vista fantástica dele reinando sobre a cidade, do lado direito do avião (lado esquerdo se você estiver decolando!).
Catania é uma cidade que a gente pode chamar de azarada. Ela foi destruída várias vezes na história. Já teve incêndio que queimou tudo, já teve terremoto que botou tudo abaixo e já teve erupções do Etna que deixaram a cidade inteira debaixo de uma camada de lava fumegante.
A pergunta de um milhão de dólares que todos se fazem ao ouvir esses relatos (eu pelo menos, fiz!) é: porque diabos esses caras, lá no passado, resolveram ficar na região mesmo tendo essa máquina destrutiva como vizinha?
Simples: na verdade eles ficaram lá JUSTAMENTE por causa do vulcão! O lance é que abaixo do solo na região de Catania existe um imenso rio de lava e a alta temperatura que isso gera, faz de lá o lugar mais fértil de toda a Itália.
Então esse calor que vem debaixo ajuda principalmente na cultura de uvas e azeitonas. Não por acaso, matérias-primas dos dois produtos mais famosos do país, azeite de oliva e vinho. Ou seja, vale a pena correr o risco!
Falando em risco, conversei com um morador de Catania e ele me disse que o valor do seguro residencial por lá está entre os mais altos de todo o planeta, por ficar ao lado de um vulcão ativo. Segundo ele, se você resolver correr o risco e ficar três anos sem fazer um seguro da sua casa, consegue juntar dinheiro suficiente pra comprar um outro imóvel. Loucura, fala aí?
Eu estive lá num domingo bem bonito, com bastante sol e céu azul, depois de uma caminhada pela cidade com o pessoal do incrível CityMap (vou contar em outro post sobre esse passeio!). De carro, do centro de Catania, dá um pouco mais de uma hora de subida até o estágio inicial, onde existe uma única cratera, que entrou em erupção pela última vez em 2002.
E como o pessoal por lá não é bobo nem nada, achou uma outra fonte de renda pro Etna, que é o turismo. São vários tipos de passeio que estão disponíveis, desde simples caminhadas até corridas de bicicleta ou descidas de esqui.
Com cerca de 2 mil metros de altitude, a base do vulcão conta com toda a estrutura pros turistas. Restaurantes, bares, lojas de souvenirs, várias empresas vendendo os passeios e até mesmo um hotel pra quem for corajoso e quiser dormir na boca de um vulcão ativo.
Dessa base, sai um teleférico que leva até o segundo estágio, com 2.500 metros. Lá existem algumas outras crateras e você pode fazer a subida guiada até o ponto mais alto, com 2.900 metros e que concentra as crateras mais violentas do Etna.
A minha ideia era subir pelo menos até aonde o teleférico leva e de lá ver o que era possível fazer com minhas incríveis habilidades de escalada.
Enquanto esperava o horário da próxima saída fui até um dos restaurantes pra comer alguma coisa e tomar um café quente (lá embaixo, no centro de Catania, estava 25 graus e lá em cima, a 2.000 metros, caiu pra 4 graus, com muito vento!).
Acontece que estando a 2 mil metros acima do nível do mar, nós sempre somos reféns das variações climáticas. E quando elas acontecem, acontecem num piscar de olhos, literalmente. Até me lembro de ter citado isso num post de Campos do Jordão e em outro sobre minha escalada na África do Sul.
E como aparentemente aquele domingo não era o meu dia de sorte, enquanto eu tomava o meu café tudo mudou lá fora. O sol e o céu azul sumiram e deram lugar a muitas nuvens, que trouxeram consigo uma chuva bem gelada.
Nessa hora o guia só me olhou e disse "o teleférico fechou por questões de segurança, não vai dar pra subir". E, simples assim, eu não iria mais subir até o segundo estágio do Etna.
Perguntei o que restava pra gente fazer, e ele me disse que poderíamos ir até a cratera mais baixa, aquela que entrou em erupção pela última vez em 2002 e ficava na mesma altura da base.
E lá fui eu, levemente frustrado, mas ainda assim curioso. Afinal, eu ainda iria visitar a cratera de um vulcão ativo.
Meia hora de caminhada em linha reta, e cheguei no enorme buraco. Obviamente que ao chegar lá o tempo abriu de novo, o sol apareceu e eu imagino que o teleférico tenha voltado a funcionar, mas eu já estava longe o suficiente pra não conseguir mais pegá-lo.
Paciência, dei uma voltinha pela cratera, que por não entrar em erupção há tanto tempo já tem até uma vegetação em volta e não solta a famosa fumacinha, característica dos vulcões. Na verdade, tirando o fato de ser um buraco, não tem nada ali que pareça ser um vulcão. Meio bleh, pra falar a verdade.
Um casal de franceses pediu pra eu tirar uma foto deles e, sem outra alternativa, pedi pra tirarem uma minha segurando um pedaço de lava preta, que restou da atividade de 2002.
Dei uma última olhada pra cima, vi o topo envolto em algumas nuvens e voltei pra Catania.
Na próxima vez eu tento de novo, Etna! ;)
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O Viagem Criativa viajou para Itália a convite do Travel Blogger Destination 2015 e com o apoio da Cotação Câmbio.
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