Praças não são exatamente as atrações turísticas mais desejadas do planeta, certo? Apesar de muitas delas serem bonitas, conhecidas e centrais nas respectivas cidades, normalmente museus, monumentos e até mesmo parques estão bem na frente de praças na lista de lugares mais procurados pelo mundo.
Mas, obviamente (e felizmente!), temos exceções. Praças que tomam o protagonismo e aparecem no topo da lista dos visitantes, sejam eles estrangeiros ou locais.
Esse post vai mostrar um desses lugares, que acabou sendo bem especial pra mim, por alguns motivos. É a Praça Botero, em Medellín. Além da praça, lá fica também o Museu Antioquia (aqui cabe uma explicação, Antioquia é o nome do estado em que fica a cidade de Medellín), que reúne muitos ítens históricos dessa região da Colômbia.
Antes de falar do lugar em si, vale explicar o porque do nome e também conceito em torno dela. E você já deve ter ouvido falar em Fernando Botero, um dos mais famosos e importantes artistas colombianos (talvez junto com a Shakira, vai).
Nascido em 1932, o Botero criou um estilo muito peculiar em suas pinturas e esculturas, em que quase sempre retrata formas animais e humanas mais gordinhas. Além dos inúmeros trabalhos autorais, ele tem algumas versões bem divertidas, como por exemplo uma Mona Lisa, que pode ser vista no Museu da República em Bogotá.
Mas como Botero é natural da Medellín, há uma conexão muito natural com a cidade. E no período entre 2000 e 2004, durante a reforma do Museu Antioquia, Botero fez uma doação bem grande, de cerca de 120 peças, que passaram a ser exibidas de forma definitiva.
Só que não parou por aí. Ele também criou 23 esculturas de bronze pra que fossem exibidas na frente do Museu. E a partir do ano 2000, ela foi rebatizada como Praça Botero e virou um dos lugares mais divertidos que eu já visitei.
Como chegar
Bom, aqui não tem segredo algum. A Praça Botero é bem central e fica localizada ao lado da estação de metrô Parque Berrio.
Um parêntese se faz necessário porque pegar o metrô em Medellín é muito divertido, ja que ela é a única cidade colombiana com esse tipo de transporte. Isso mesmo, nem a capital Bogotá tem um sistema de metrô como Medellín. Então pegar os trens é uma novidade pra muita gente na Colômbia. Todas as vezes em que usei o metrô, vi vários locais super felizes tirando fotos e olhando todos os detalhes das estações, simplesmente por nunca terem visto isso antes
A Praça
Como já falei ali em cima, esse é um lugar muito especial.
A concepção dela, com a doação das esculturas por Botero, já é algo a se destacar, mas principalmente a maneira com que as população abraçou a ideia e o conceito fazem tudo ainda mais bonito.
Todas as 23 estátuas são bem grandes, feitas em bronze e não existem restrições nelas. (A Wikipedia tem uma mapa que mostra a disposição de todas) O que significa que qualquer pessoa pode tocar, subir e brincar como quiser (muitas delas já têm até um certo desgaste na cor por conta da quantidade de gente interagindo, mas isso está longe de ser um problema).
Ou seja, a interação é o ponto forte da Praça Botero. Dá pra passar horas e horas só olhando o povo feliz fazendo poses pras selfies tanto no chão, quanto no alto das esculturas
Pessoalmente, o que mais gosto sobre a Praça Botero é o quão democrática ela se tornou.
Por ser aberta, gratuita e interativa, todo mundo se diverte da mesma forma quando chega lá. Eu já falei aqui no blog algumas vezes sobre como eu valorizo o turismo de experiências e como acredito que a maneira mais legal de se viajar é entendendo o contexto de cada cidade ao invés de sair correndo ou comprando tudo que aparece na sua frente.
Felizmente esse tipo de turismo vem ganhando cada vez mais adeptos e o reflexo disso, além do destaque na mídia, é o surgimento de empresas especializadas em te fazerem entrar em contato com locais, como por exemplo a Musement, então eu recomendo ficar de olho nessa tendência.
O Museu
Bem no final da Praça Botero, fica localizado o Museu Antioquia. É um prédio bem grande e imponente, então fique tranquilo que não tem como não enxergá-lo quando você estiver lá (recomendo uma olhada do último andar, onde é possível ver a Praça Botero inteira!)
A origem do museu é muito, mas muito antiga mesmo. Vem lá de 1881.
Naquele ano, foi criado o Museu Zea, que continha artefatos históricos da região e uma imensa biblioteca com o acervo dos fundadores (obviamente muito ricos!).
Ao longo do tempo, a quantidade de itens foi aumentando e depois de um tempo já era possível ver armas, bandeiras e documentos da época em que a Colômbia se tornou independente e também objetos muito mais velhos, das civilizações pré-colombianas.
E apesar de funcionar desde o século 19, o Museu só recebeu um status oficial em 1953. Pulando pra 1977, ele acabou mudando de nome, por dois motivos até engraçados: os turistas não sabiam o que Zea significava e os locais confundiam "zea" com "cera", então muita gente achou que ali funcionava com daqueles museus de cera. Então ali veio o batismo como Museu Antioquia.
Mas a mudança mais importante veio no ano seguinte, quando Fernando Botero fez a primeira doação pro Museu. E a partir daí tudo ficou mais interessante.
Hoje, nas 17 salas do Museu é possível ver a coleção permanente e também exposicões temporárias de vários estilos diferentes de arte.
Mas, é desnecessário dizer que as obras do Botero se tornaram a parte mais famosa e desejada pelos visitantes do Antioquia. Entre quadros e esculturas, é possível viajar no tempo e entender a trajetória desse artista que nunca esqueceu suas origens.
A entrada do Museu custa 12,000 pesos para os moradores de Medellín e 18,000 para quem for visitante na cidade.
Esses valores eu chequei em 2019, então sugiro que você consulte o site do Museu pra ter certeza dos valores atuais (e como quase todos os museus do mundo, existem alguns dias gratuitos, então vale conferir)