Se alguém te perguntasse qual cidade é uma das maiores referências em termos de rock, heavy metal e hardcore na Europa, a resposta provavelmente seria Londres ou Berlim.
E se a pergunta fosse "em qual cidade você acha que fica um dos maiores museus de guitarra do planeta?", duvido que essa resposta fugisse de alguma grande capital famosa mundialmente.
Mas uma das coisas mais legais do mundo é justamente ser surpreendido com situações que não são esperadas. Tanto que a resposta pras duas perguntas acima é a mesma: a pequena Umeå, no norte da Suécia.
No final do ano passado, quando fui convidado para cobrir o final de semana de abertura de Umeå como Capital Europeia de Cultura e fui dar uma olhada na programação, vi que um dos eventos era a inauguração do Guitars The Museum. Pelo nome fica fácil adivinhar que trata-se de um museu de guitarras.
Fiquei bastante curioso, já que como fã de música pesada, aquele era um evento que atendia completamente aos meus interesses pessoais. Acontece que ele é na verdade um IMENSO museu, com mais de 500 (quinhentas!) guitarras que fazem parte do acervo particular de dois irmãos que, cansados de guardarem tudo pra eles mesmos, resolveram expôr todas as suas guitarras pra quem quiser ver.
Os dois irmãos - gêmeos - são Samuel e Michal Åhdén, e a história deles não é muito diferente da de milhões de outros jovens que viveram nos anos 60 e acompanharam a explosão do rock 'n' roll como um dos maiores movimentos culturais da história. Aficcionados por Rolling Stones, logo eles começaram a viajar pela Europa e Estados Unidos comprando guitarras e alimentando o sonho de se tornarem rockstars.
O sonho de ser famoso por ter uma banda acabou não acontecendo, mas nem por isso o rock deixou-os na mão. Afinal, no comecinho de fevereiro eles se tornaram referências mundiais em guitarras, o que convenhamos, não é pouca coisa.
E numa noite de sexta-feira - gelada, obviamente! - lá fui eu pra inauguração do tão esperado museu.
Ele fica num prédio de 1917 com três andares. O acervo de guitarras propriamente dito ocupa apenas o último andar do edifício, já que, não contentes em expor tantas coisas legais, os dois irmãos construíram um enorme complexo de entretenimento dentro do prédio.
Lá, você vai encontrar um bar muito legal, com vários tipos de cervejas e drinks, um restaurante, uma casa de shows, uma loja de instrumentos e acessórios e um espaço para exposições temporárias. Tudo ali foi pensado para reunir as pessoas em torno de um ambiente criativo e que gira em torno do rock.
O coquetel de abertura reuniu bastante gente, com comida e bebida, apresentação de bandas locais e distribuição de brindes pelos organizadores. Vale lembrar que, mesmo se tratando de um museu particular, ele entrou na programação oficial de Umeå 2014.
Subindo as escadas, começa o paraíso pra todos aqueles que se interessam minimamente por música, mesmo os não-guitarras - meu caso -.
Afinal, como eu falei antes, são incríveis 500 peças entre guitarras e alguns baixos expostos por todo um andar.
São instrumentos pra absolutamente todos os gostos, desde os mais antigos até os mais modernos, os mais simples e sofisticados, os mais tradicionais indo até os mais exóticos. Existe também um painel mostrando os vários passos necessários para a construção de uma guitarra.
Como não sou exatamente um especialista no assunto - apenas gosto bastante -, fica difícil pra eu detalhar exatamente os modelos A ou B, mas é possível ficar algumas horas admirando aquele monte de instrumentos na sua frente. São invariavelmente, lindos. E mesmo os mais feios, acabam te conquistando pelo exotismo!
A visita ao complexo de guitarras termina na área destinada às exposições temporárias. E para a inauguração do museu, o pessoal resolveu prestar uma homenagem à própria cidade de Umeå.
Ainda nos anos 90, Umeå ficou bastante famosa mundialmente por causa das bandas de hardcore e metal que vinham de lá. Alguns nomes como Refused, Meshuggah, Cult of Luna e The Internacional Noise Conspiracy são naturais de lá, e alcançaram uma projeção que extrapolou as barreiras da Suécia e até mesmo da Europa.
Vários desse grupos são famosos inclusive no Brasil. Então nada mais justo do que homenageá-los quando a cidade se torna sede de um evento de proporções globais.
Diversos flyers, pôsteres, vídeos e camisetas de quando essas bandas ainda tocavam nos pequenos bares da cidade decoravam as salas do lugar. Era uma época em que nem mesmo os membros das bandas imaginavam que fariam tanto sucesso, e certamente só estavam ali tocando pela diversão de estar fazendo o que gostavam entre amigos.
Mas, como eu falei ali no começo do texto, nada mais legal do que as surpresas que a vida reserva pra todos nós, não é mesmo?
O Viagem Criativa viajou para Umeå a convite de Umeå 2014
4 Responses