Apesar do meu primeiro contato com Riga ter sido levemente traumático, eu sabia que não poderia deixar isso influenciar nas minhas impressões sobre os próximos dias em que ficaria lá.
Até porque, por questões burocráticas - leia-se passagens aéreas caras! - eu ficaria apenas aquela noite na Letônia, antes de seguir para a Nordic Bloggers' Experience, na Finlândia, pra só depois retornar e conhecer Riga de verdade.
Ou seja, teria uma semana inteira pra não deixar esse primeiro contratempo pautar os meus pensamentos da cidade.
Então na sexta feira, 17 de janeiro, embarquei no voo Helsinki - Riga (dessa vez com hospedagens devidamente garantidas!) pra começar a cobertura do final de semana de abertura da cidade como Capital Europeia de Cultura.
Eu havia recebido algumas semanas antes a programação detalhada, com todos os eventos que aconteceriam em Riga. Haveria uma grande quantidade de shows, concertos e até óperas acontecendo nos dias em que eu estaria lá. Mas esses eventos fechados não costumam me interessar muito. Confesso que marquei na minha agenda quase todos os outros, que seriam na rua e em lugares abertos, onde eu teria a chance de interagir com os locais - algo que considero a melhor herança de uma viagem.
E não houve nada pra me arrepender dessa decisão. Foram vários dias andando pelas ruas visitando monumentos, parques, praças ou apenas andando, pra ver o que eu encontraria na próxima esquina.
Isso começou já no sábado, depois da Chain of Booklovers. Vi que haveriam algumas exibições no Mercado Público de Riga, e decidir ir pra lá por volta da 1h da tarde.
O Mercado de lá é imenso, um dos maiores da Europa. São 4 grandes galpões, antigamente usados para a construção de Zeppelins algumas décadas atrás.
Lá dentro foi possível conhecer mais um pouco da vida dos letões, gastronomicamente falando. Deu pra perceber que eles gostam muito de peixe, em especial os secos e defumados. Vi muitos deles por lá, mais do que os frescos. Alguns chefes estavam preparando uma espécie de risoto de frutos do mar em uma barraca pra quem quisesse comer - era de graça! - e resolvi provar, mesmo não sendo lá muito fã de comidas "aquáticas". Mas devo dizer: estava bem bom!
As carnes de porco também são muito presentes. Em quase todas as barracas havia algum tipo de presunto ou salame à venda.
Muitas frutas - meio caras, provavelmente por ser inverno -, queijos, temperos, algumas comidas asiáticas em conserva e claro, uma imensidão de vodcas e outras bebidas fortes. Novamente, acho que o frio justifica todo esse arsenal alcóolico sempre à disposição.
Os arredores do mercado são parecidos com o de qualquer outro em grandes cidades do mundo. Algumas feirinhas "paralelas", com barracas vendendo artesanato, roupas de frio - tive inclusive que comprar uma luva, já que misteriosamente havia perdido as minhas na noite anterior -, mais comida e claro, mais bebida.
Além disso, alguns pedintes - sem novidade pra um brasileiro, infelizmente - cresciam o olho na minha câmera e já vinham direto pedir dinheiro pra mim. Nada ameaçador, pelo contrário. Na primeira negativa eles já tomavam outro rumo e não era preciso ficar muito preocupado.
Bem ao lado do mercado, fica a Estação Rodoviária de Riga. Fiquei um tempinho ali olhando o movimento enquanto os ônibus partiam pra Tallinn, Vilnius, São Petersburgo e algumas cidadezinhas do interior da Letônia. Achei engraçado o fato da Rodoviária da capital do país ser tão pequena e acanhada, mas aí lembrei que minha referência em termos de tamanho é São Paulo, que é tão grande que só pode encontrar paralelos em meia dúzia de cidades do mundo.
Enfim, como já estava perto de escurecer - às 3h da tarde! -, resolvi me agilizar e ir até a Torre da Igreja de São Pedro, o lugar mais alto da Cidade Velha e com a vista mais legal, pelo que o pessoal de lá me falou.
Mirantes que proporcionam lindas vistas das cidades costumam ser lugares muito procurados por visitantes e essa subida à Igreja deve ter sido o passeio mais turístico que fiz em Riga. E ainda assim, haviam apenas mais 4 ou 5 estrangeiros por lá. A vista lá de cima é absurda, de tão incrível.
Por ser um dos pontos mais altos do centro da cidade, têm-se uma visão mais do que panorâmica de Riga. Toda a cidade velha, o outro lado do rio, a torre de tv, os imponentes galpões do Mercado e os poucos prédios mais altos que existem na cidade ficam ainda mais bonitos com o sol se pondo lá no fundo.
Ao descer da Torre, resolvi aproveitar os últimos suspiros de sol naquele sábado pra uma caminhada às margens do Rio Daugava, que corta Riga de norte a sul.
A avenida que ladeia o rio estava interditada para os carros, por causa do show de abertura, que aconteceria no começo da noite, então a atmosfera não podia estar melhor naquela região da cidade.
Turistas, locais e grandes famílias caminhavam tranquilamente assistindo o por-do-sol, sem se incomodar com os -14ºC que faziam naquela hora.
Eu, que estava na rua desde de manhã, por causa da Chain of Booklovers, já sentia o cansaço começando a bater. Situações em que normalmente deixam qualquer um cansado, como horas de caminhada, são potencializadas pelo frio. Depois 6 ou 7 horas andando pra cima e pra baixo, eu precisava desesperadamente voltar pro hotel e tomar um café pra restabelecer as energias, já que à noite eu ainda teria mais eventos pra participar.
E foi nesse cenário abaixo que fui caminhando pro hotel. Apesar do cansaço, nada a reclamar, pelo contrário!
Algumas horas de descanso e tudo pronto pra mais eventos, mais caminhadas, mais descobertas.
Mas isso fica pro próximo post, com mais relatos do que a encantadora Riga me ofereceu!
O Viagem Criativa viajou à Riga a convite da organização de Riga 2014
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