A maioria das pessoas tem medo e acha meio incomum ou até um pouco sinistro, mas eu adoro visitar cemitérios. Moro em São Paulo e sempre que tenho a chance, dou uma passadinha nos cemitérios da Consolação, Araçá ou ainda na Necrópole São Paulo. Pode parecer estranho, mas gosto muito de levar os amigos de outras cidades ou países pra visitar esses lugares, que são muito bonitos e têm muita história para contar.
Já visitei alguns cemitérios fora do Brasil e uma coisa que gosto muito neles é o fato de serem mais "informais" do que os daqui. Dificilmente você vai ver grandes muros ou grades cercando os cemitérios. Na Europa, eles ficam em jardins de igrejas, em praças e até em parques.
Como são abertos, passar no meio de túmulos acaba sendo parte do dia a dia de muita gente e, por isso mesmo, se torna algo natural. Acho isso bem interessante, não gosto desse "peso" que a morte ou lugares relacionados à morte costumam ter.
E num lugar com tanta história (a maioria delas, infelizmente trágicas) quanto a Polônia, é de se esperar que os cemitérios por lá reflitam muito desse passado.
Pra quem gosta desse tipo de passeio, vale a pena visitar o Parque Cytadela, que é o maior de Poznan e possui um gigantesco cemitério dentro dele.
O parque
Localizado na região norte da cidade, o lugar que hoje abriga o parque foi no passado um imenso forte que servia para delimitar a área da cidade.
Destruído em 1945, parte do forte acabou sendo abandonada, enquanto outro pedaço acabou virando um cemitério para soldados soviéticos que morreram nas batalhas em Poznan.
Foi só em 1962 que o Parque foi aberto ao público, como forma de celebrar a amizade entre a União Soviética e a Polônia. Com o fim da URSS, o parque foi rebatizado para o nome atual, Cytadela.
Com mais de 100 hectares, é o lugar mais procurado pelo moradores para a prática de esportes e lazer.
O cemitério
Chamado de Old Garrison, o cemitério fica na entrada sul do parque e é cortado ao meio por uma longa escadaria (além de dois baita canhões que recepcionam os visitantes).
Ao subir as escadas, os túmulos estão por toda a parte. Cercados por imensas árvores, tudo ali é setorizado.
Há partes exclusivas para mortos tanto na Primeira quanto na Segunda Guerra Mundial. Há locais também para os soldados soviéticos, outra para os norte-americanos, britânicos e demais Aliados que foram feitos prisioneiros na Polônia durante a ocupação alemã a partir de 1939.
Outros 19 países têm memoriais em sua homenagem e centenas de túmulos de pessoas que jamais foram identificadas completam o cenário. É bem bonito e um pouco triste quando você vê as datas de nascimento e morte dos combatentes, dá pra refletir bastante sobre o cenário mundial que estamos vivendo.
Tem uma outra área abriga todos os que morreram no Fort VII, o que foi especialmente emocionante para a gente, já que visitamos o temido campo de concentração que iniciou a matança com o uso de gás em Poznan.
E o legal é que tudo isso é bem sinalizado e organizado. Então, dificilmente você vai ficar perdido por lá, sempre dá pra saber em qual setor do cemitério você está.
Algo que chama a atenção no Old Garrison, é a grande quantidade de lanternas, que os moradores levam para acender velas em homenagem aos seus mortos. É tudo muito bonito e boa parte das sepulturas têm essas lanternas (geralmente vermelhas). São tão bonitas que elas acabaram virando um símbolo da cidade, tanto que é possível comprá-las tranquilamente nas lojinhas de souvenirs. Inclusive temos uma em casa!
O Museu Militar
Chegando no alto da escadaria do Cytadela, o cemitério fica pra trás e dá lugar a um outro cenário, cheio de monumentos, pistas de corrida, um restaurante e o famoso Museu Militar de Poznan, que abriga dezenas de aviões e tanques usados em guerras.
Nós tivemos a sorte de chegar na Polônia exatamente no dia da Independência do país, o que foi ótimo já que pudemos vivenciar essa data importante junto dos poloneses.
A parte ruim é que esse dia caiu numa sexta feira. Por conta disso, o final de semana foi prolongado e muitas das atrações da cidade não abriram, entre elas, o Museu Militar. Não conseguimos entrar, mas sugiro que você leia o ótimo post do Fotostrasse, já que eles fizeram a visita alguns anos antes.
Em todo caso, como boa parte das aeronaves fica exposta ao ar livre, conseguimos ver algumas delas através das grades, o que serviu pra matar um pouco da vontade.
Como eu sempre gosto de ter motivos pra voltar às cidades em que já estive, visitar o Museu Militar dentro do Cytadela é a nossa deixa pra passar por Poznan outra vez!
O Viagem Criativa viajou para Poznan com apoio da EasySim4U e do Visit Poznan! Todas as opiniões expressadas aqui são nossas!
