A cidade de Bonito, no Mato Grosso do Sul, é um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil.
E com essa procura, é natural que os preços subam, a alta temporada fique lotada e as famosas "pegadinhas" com os visitantes comecem a acontecer.
Já a desconhecida Jardim, é vizinha de Bonito e tem uma quantidade incrível de belezas naturais.
O Eduardo Amorim foi até lá conhecer a cidade e participar do Festival das Águas. Ele contou pra gente como foi e porque você deve ir até lá!
Pense em um lugar no Mato Grosso do Sul localizado no coração do Estado e repleto de belezas naturais... Pois é, se Bonito veio à cabeça você errou. Bem ao lado da rota de ecoturismo está Jardim, a ainda desconhecida cidade vizinha, distante 240 km de Campo Grande.
Jardim, que já foi para o Estado referência das festas de Carnaval e Reveillon, agora quer mostrar o que tem de mais bonito, e, aproveitando o trocadilho, revelar para o Brasil que os lugares que a vizinha ilustre têm de mais belo, na verdade fazem parte de seu território.
Como assim? Sim, o famoso Buraco das Araras, a fascinante Lagoa Misteriosa e o relaxante Rio da Prata são pontos turísticos de Jardim. Porém, conhecidos como passeios de Bonito.
Mas por que a cidade detentora desses pontos é tão pouco conhecida? Segundo os habitantes, ainda falta divulgação e promoção de eventos. Uma alternativa para os que buscam e preferem passeios rústicos e tranquilos.
Fazendo um comparativo entre as cidades: enquanto Bonito possui o já conhecido Festival de Inverno, estrutura hoteleira e gastronômica para atender à demanda do turismo, Jardim ainda é apenas aquela cidadezinha do interior do MS com capacidade reduzida a três hotéis, rodeada por muitas fazendas inexploradas que escondem grutas, trilhas, rios mágicos e muita natureza.
Mas a busca pela atração dos holofotes está ativa e, agora em novembro, a cidade lançou o Festival das Águas, evento que destaca as 187 nascentes da cidade, um espetáculo oferecido aos turistas em muitos dos passeios aquáticos.
Com a ideia de desbravar a cidade, passei três dias entre os conhecidos e nunca visitados roteiros. No primeiro, tive a oportunidade de conhecer o Buraco das Araras e a curiosa história do local.
Trata-se da maior dolina (na prática, buraco) da América do Sul, com 100 metros de profundidade. O interessante desse atrativo, que já conta com estrutura para receber turistas, é saber que quando o proprietário adquiriu, ficou extremamente insatisfeito, pois, na sua avaliação, tratava-se de um buraco onde a população jogava lixo, carcaças de carro e, segundo boatos, até corpos. “Nossa, eu comprei um buraco”, disse na época Modesto Sampaio, dono do local e que até hoje faz questão de apresentá-lo a todos os visitantes.
Hoje, com o incentivo e acompanhamento de biólogos, o Buraco das Araras tornou-se um impressionante local de contemplação dos 40 casais de araras que lá vivem. Uma delas, a típica e linda arara vermelha, me recebeu num galho de árvore assim que entrei no mirante.
Ao visitar o Buraco das Araras, aproveite para experimentar um dos deliciosos sorvetes de frutas típicas da região ou levar de presente um enfeite de casal de araras para o companheiro(a) e conte a história de que essa espécie vive em casal até o fim da vida. Sim, se a fêmea morrer, por exemplo, o macho para de comer até morrer (bonito, não é?).
A cidade oferece, além das belezas naturais, opções culturais, como a visita ao Cemitério dos Heróis, onde estão enterrados os combatentes da Guerra do Paraguai. As histórias da batalha ainda são contadas com emoção pelos habitantes de Jardim, que relatam como seus tios, avós e parentes muito próximos lutaram com o país vizinho pela disputa de terras. Essa memória histórica está muito latente na população e rende uma boa prosa pantaneira.
E como passeio imperdível, faça uma flutuação. Jardim conta com a passagem do Rio da Prata, que é recheado de cardumes de peixes e com uma transparência que favorece a observação cristalina embaixo da água.
O passeio é incrível, dura cerca de uma hora, tem apoio de guias e a experiência visual é deslumbrante. Para realizar o passeio, que custa cerca de R$ 150, o turista usa uma roupa especial e um snorkel. Ao entrar no rio, a correnteza cuida do resto. Desça o rio, deixe a água te levar e visualize tudo que for possível de braços e pernas abertos. No local há câmeras aquáticas para locação (R$60,00) e podem ser alugadas para todo o grupo e valem muito a pena.
A sensação da flutuação é extremamente agradável e, além dos peixes é possível nadar ao lado de cobras e jacarés que moram lá. Se nunca fez flutuação, sugiro usar colete para dar mais segurança e curtir o passeio.
O local também oferece um ótimo almoço. Aproveite para comprar o doce de leite caseiro, produzido na própria fazenda e é uma delícia. No final, visite a lojinha e dê uma olhada nos artesanatos de ossos, artesanato local que vale a lembrança.
Assim, Jardim é uma cidade linda e com potencial para o turismo e as autoridades buscam investidores para alavancar negócios. Enquanto isso, aproveite os preços ainda baratos e nada turísticos para conhecer as belezas naturais e seus restaurantes com variedades de peixes e comidas típicas da região.
MAIS INFORMAÇÕES
www.buracodasararas.tur.br
www.riodaprata.com.br
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