Uma das maiores preocupações que tenho aqui no blog é a de não querer ser o dono da verdade quando faço um novo post sobre algum lugar que eu tenha visitado.
Essa história de se auto-intitular "o guia definitivo" ou dizer "faça isso ou faça aquilo" sempre soou pretensioso demais pra mim e por isso, evito ao máximo esse tipo de coisa, muito embora provavelmente já tenho caído nessa cilada ao me empolgar sobre algum lugar.
O ponto chave disso tudo é que muitas vezes aquilo que me agrada pode não agradar a você e, se eu ficar aqui dizendo que "o lugar A é o melhor que o lugar B", vou estar mentindo pra uma grande parte dos leitores. Então sempre que eu lembro, gosto de frisar que tudo que escrevo aqui é uma visão particular do que vi e experimentei desse planeta.
Eu resolvi abrir o post de hoje com esse "aviso", porque um das coisas que certamente complica uma viagem é ter pouco tempo pra fazê-la. Ter pouco tempo para visitar um lugar te deixa com duas opções: ou fazer várias coisas correndo, ou fazer poucas coisas com tranquilidade. E na minha passagem por Freiburg eu tive que fazer essa escolha crucial. Eu explico: de todas as blog trips que o Germany Travel organizou logo após o Social Travel Summit, a minha era - infelizmente - a mais distante de Leipzig, o ponto inicial.
Em termos práticos, isso significou que eu tive que fazer uma viagem de 7h30min de trem, entre Leipzig e a região da Floresta Negra, o meu destino. Calculando que havia uma viagem de volta, obviamente também com mesmo tempo no trem, sendo que as blogs trips eram de dois dias, em 48 horas eu perdi 15 só com deslocamento. Das 33 restantes, tive que dividir entre o Europa Park e Freiburg.
Ou seja, noves fora, eu tive exatas 16 horas pra ver o que fosse possível em Freiburg. Então lá fui eu, novamente acompanhado pelo Samuel e pela Audrey, ver tudo que o conseguíssemos.
Ainda no trem, enquanto nos aproximávamos da cidade, foi muito fácil perceber o que porquê da região ser conhecida como "Floresta Negra". O verde das árvores é tão mais escuro do que em outros lugares, que realmente dá a impressão delas serem pretas. Muito diferente de tudo que eu já havia visto!
Descendo na estação de Freiburg, andamos uns 15 minutos até o nosso hotel, que ficava bem no centro da cidade, que é a parte antiga de lá. Deixamos as malas no quarto e, mesmo com a chuva, rapidamente descemos pra a caminhada inicial, já que não havia tempo a perder.
Aliás, essa parte mais velha da cidade é de longe a mais prática pra você se hospedar. Fica perto da estação central e numa distância caminhável de quase todas as atrações que você vai querer ver. E a melhor maneira de você encontrar hotéis baratos em Freiburg ou hotéis baratos na Alemanha, é usando o Detecta Hotel. A ferramenta de busca e comparação deles é imbatível, e os caras ainda têm um app pra iPhone e Android que facilita ainda mais a vida dos viajantes.
E estando na cidade antiga, é quase inevitável não ficar curioso com uma coisa em particular: os micro-canais presentes em absolutamente todas as ruas. Pra todo lugar que você olhe, há um desses canaizinhos com água corrente. Conhecidos como bächle, eles foram feitos para ajudar no combate a incêndios na Freiburg medieval, já que naquela época quase todas as construções na cidade eram de madeira.
Algumas pessoas pensam que os bächle têm alguma serventia no abastecimento de água da cidade, mas a verdade é que nos dias de hoje eles são apenas decorativos e servem pra divertir moradores e turistas. Uma lenda engraçada sobre os canais: dizem que se você, acidentalmente, cair em um deles, você vai se casar com alguém nascido em Freiburg. Pra sorte da minha namorada, ainda bem que não caí lá, então não posso confirmar tal brincadeira! :D
Seguindo um desses canais - mais precisamente esse da foto acima -, nos deparamos com a Catedral de Münster, uma das maiores e mais antigas da Europa. Sua construção começou no século XI e é a única igreja gótica da Alemanha que foi terminada na Idade Média, mais precisamente em 1330. Em 1944, Freiburg foi cenário de um dos maiores bombardeios da Segunda Guerra Mundial e quase tudo foi destruído. Inacreditavelmente, a Catedral de Münster não sofreu sequer um arranhão. Sorte nossa!
Como eu estive lá numa Sexta-feira Santa, a escadaria que leva ao topo da igreja estava fechada para visitação, mas todos me disseram que vista lá de cima é incrível (e custa apenas €1,50!).
Já aos sabados, acontece uma feirinha na praça que a cerca, com muita comida e produtos típicos da região da Floresta Negra.
Ao sair da Catedral de Münster, andando por menos de 10 minutos, você chega ao Martinstor, o ponto mais significativo da história de Freiburg.
Isso porque ele foi um dos dois portões de entrada da cidade, ainda da época em que Freiburg era uma cidade fortificada e cercada por muros. O primeiro registro histórico do Martinstor data do século XI, quando ainda era de madeira e delimitava as fronteiras em que os moradores poderiam chegar. Em 1599, três mulheres acusadas de bruxaria foram queimadas vivas naquele local, e até hoje existe uma placa "comemorativa" com os nomes das três mulheres encravados.
Com o passar dos anos, o muro foi sendo decorado e estilizado de acordo com a arquitetura da cidade, e hoje é um grande ponto de referência.
Apesar de tudo isso, ele está envolto em uma grande polêmica. Há alguns anos, o McDonald's instalou um restaurante exatamente abaixo da Martinstor e, aproveitando uma brecha na legislação da cidade, anunciou que colocaria um letreiro com a sua marca bem na torre.
As autoridades locais não puderam fazer nada pra evitar isso, já que legalmente falando, o McDonald's realmente teria o direito de fazê-lo. O máximo que se conseguiu, em algumas conversas, foi que as cores espalhafatosas - vermelho e amarelo - da marca não fossem usadas lá, e sim cores mais condizentes com a torre.
Pessoalmente, acho de muito mau gosto, além de uma incrível falta de sensibilidade o McDonald's ter tido a coragem de fazer isso.
Numa conversa com alguns moradores da região, eles garantiram duas coisas: que Freiburg é a cidade mais bonita da Alemanha e que a melhor cerveja do país é produzida lá.
Como a beleza da cidade já havia me conquistado, só pude confirmar essa parte da história. Mas ainda não havia provado a cerveja, pedi algumas indicações de onde ir pra isso.
Aí um sujeito comentou que existe um biergarten (um enorme jardim para beber cerveja) que fica no alto de uma colina, já dentro da Floresta Negra e com uma visão panorâmica da cidade. Segundo ele, é um lugar imbatível para tomar a cerveja e ver o tempo passar debaixo dos seus olhos, literalmente.
Só que o lugar estava fechado, provavelmente pelo mau tempo no dia em que estive lá. Aliás, pelas fotos aí acima dá pra ver que a chuva nos acompanhou durante todo o tempo lá em Freiburg.
Mas enfim, isso está longe de ser um problema quando se está viajando. Dormir e tomar chuva estão sempre nos últimos lugares na minha lista de preocupações como viajante!
Então resolvemos caminhar pelas lindas ruelinhas da cidade, já que elas por si só são uma atração a parte, não precisando de mais nada pra entreter os visitantes.
E pra matar a minha dívida com uma das famas de Freiburg, essa última caminhada só poderia terminar num bar, para provar a cerveja local e me deixando com uma certeza: é boa demais, mas ainda preciso conhecer mais regiões da Alemanha pra poder dar o meu veredito final!
O Viagem Criativa viajou a Freiburg a convite do Germany Travel, e com apoio do Detecta Hotel.
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