Você já teve alguma obsessão de viagem? Um país, uma cidade, um museu ou um restaurante que tenha tirado o seu sono por pelo menos uma noite, naquela ânsia maluca de conseguir visitar o lugar? Eu ainda tenho inúmeras delas pra realizar, mas felizmente algumas dessas obsessões já viraram realidade pra mim. Esse post é um relato de uma das que se concretizaram: o dia em que estivemos na fantástica Fortaleza de Königstein!
E por "obsessão", eu não me refiro apenas à lugares em que você fica sonhando por anos e anos. A Fortaleza de Königstein, por exemplo, foi meu grande sonho por apenas algumas semanas.
Eu explico: cerca de um mês antes de embarcamos pra nossa viagem de lua de mel, fui tomar um café com meu amigo Rodolfo França, que mora na Alemanha e estava de passagem pelo Brasil. Quando disse que passaríamos alguns dias em Dresden, ele me falou sobre esse lugar, que havia visitado alguns meses antes, durante uma viagem de carro pelo país.
Na sequência, ele pegou o celular e me mostrou as fotos de lá. Nessa hora eu me tornei um alucinado pela Fortaleza de Königstein e tive a certeza de que precisava conhecer esse lugar.
A história
A Fortaleza é uma impressionante construção fortificada, que fica 240 metros acima das margens do Rio Elba. Dentro dos seus muros, existem mais de 50 prédios, alguns deles com mais de 400 anos.
No site da fortaleza tem uma linha do tempo bem legal, mostrando tudo que aconteceu por lá ao longo dos séculos.
O resumo é o seguinte: o primeiro registro de um castelo em Königstein é de 1233, quando a região pertencia ao Reino da Boêmia. Alguns séculos depois, em 1516, o então castelo foi convertido em um monastério, mas essa empreitada fracassou logo depois.
A transformação do castelo em fortaleza aconteceu em 1589, quando o Eleitor Christian I ordenou a construção dos muros altos e outros mecanismos de defesa. Foi nessa época também que um imenso poço para captação de água foi escavado. Ele foi fundamental para a manutenção das atividades na fortaleza e até hoje é o segundo maior poço da Europa.
Quando a Saxônia virou um reino, resolveu a apoiar as campanhas de Napoleão Bonaparte. Em 1813, ele esteve pessoalmente por lá para conhecer Königstein.
Por mais de três séculos, a fortaleza abrigou também a prisão estadual da Saxônia. Até o Século XX, ela foi a mais temida prisão do estado. Personalidades como Mikhail Bakunin e August Bebel ficaram presos lá.
Já durante a Segunda Guerra, a fortaleza esteve sob o comando nazista e serviu de prisão para altos oficiais do Exército Francês.
Finalmente, em 1955, a fortaleza foi aberta ao público como um museu, atividade que exerce até hoje.
Como chegar
Na hora de planejar nossa ida, recorremos novamente ao site da fortaleza, que lista algumas formas de transporte a partir de Dresden, a maior cidade da região e onde estávamos baseados. Dá pra ir de carro, ônibus, trem e até mesmo barco (muito embora essa opção só esteja disponível durante o verão europeu).
Resolvemos ir de trem e na teoria parecia tudo muito simples. A gente deveria pegar um trem de Dresden com destino a Bad Schandau, descer na estação de Königstein e de lá, pegar um ônibus da própria fortaleza até o local. Simples, né?
Mas como nem sempre a teoria e a prática se entendem, as coisas não foram tão fáceis assim.
Compramos as passagens nas máquinas de auto-atendimento da estação de Dresden, ao preço de 6,20 Euros por pessoa. Na hora em que os tickets foram impressos, descobrimos que o trem pra Bad Schandau eram na verdade dois e deveríamos trocar de trem numa cidade chamada Pirna.
Já em Pirna, descemos do nosso trem e fomos para a plataforma ao lado, que mostrava Bad Schandau como destino no letreiro.
O trem deveria sair às 12:28, mas quando chegou a hora marcada, o trem não havia sequer chegado à estação. Achamos aquilo muito estranho, porque os trens na Alemanha são de fato muito pontuais.
Demoramos um tempo pra nos situar e entender o que fazer, até que vimos que o letreiro começou a mostrar uma mensagem com fundo branco. Foi aí que tivemos que usar todo o nosso conhecimento avançado no idioma alemão pra descobrir o que estava acontecendo - mentira, usamos o Google Tradutor mesmo (vale reforçar a importância de se viajar para a Alemanha com um chip de celular. Relembre nosso post com dicas sobre isso.)!
O que rolou foi mais ou menos o seguinte: o trecho de trem entre Pirna e Bad Schandau estava inoperante e por isso sendo feito de ônibus. Pra nossa sorte, a rodoviária fica exatamente ao lado da estação de trem, e então corremos pra pegar o ônibus, que já estava saindo. Usamos o Google Maps para descobrir isso também. Viva a tecnologia!
A partir daí, foi tudo bem tranquilo. Nosso ônibus foi bem rápido e nos deixou na base da fortaleza, onde fica o estacionamento, o centro de ajuda ao visitante e a base de um pequeno ônibus que leva o turista para a entrada, no alto da montanha.
E devo dizer: que vista! O primeiro contato com a fortaleza de Königstein, lá de baixo, já deixa claro o quão especial aquele lugar é.
Resolvemos subir andando mesmo, já que esse outro ônibus custa mais 5 Euros. É um trecho de cerca de 800 metros, mas de subida constante. A Dani, que estava com o joelho prejudicado depois dos mais de 18km percorridos em uma tarde em Berlim, não reclamou, então acho que está tudo certo.
Nada muito grave, dá uns bons 15 minutos andando. O visual incrível deixa tudo mais leve, pode acreditar!
A Fortaleza
Depois da caminhada, a gente chegou até o pé da construção, onde fica a bilheteria (o ingresso custa 8 Euros no inverno e 10 no verão) e o elevador que leva até o topo.
Nunca vou esquecer da sensação quando o elevador abriu as portas, já lá em cima. A vista do alto da Fortaleza de Königstein é algo de outro mundo.
Muitas montanhas, algumas pequenas cidades e o Rio Elba compõem um cenário mágico, que muitas vezes beira o inacreditável.
Pra deixar tudo mais legal, o tempo estava lindo, com um céu azul e um sol maravilhoso refletindo na paisagem ao redor. Pode acreditar que demos muita sorte, já que nos dias anteriores, ainda em Dresden, enfrentamos muita chuva e tempo nublado. Inclusive esse era um dos nossos maiores medos, porque se o tempo estivesse ruim, não veríamos 1/5 do que vimos lá.
Nós fizemos um visita guiada e recomendo muito. São várias histórias e detalhes que não saberíamos se estivéssemos por conta própria. De prisioneiros que conseguiram fugir, invasores que escalaram a montanha pra invadir a fortaleza, jantares bancados por Augusto O Forte (lembra dele no nosso post sobre Dresden?) até o fato de que ainda hoje, 11 famílias moram lá dentro. Tudo isso deixou o passeio mais rico.
A estrutura de Königstein é digna de qualquer grande lugar turístico. Ela conta com restaurantes, cafés, placas informativas em inglês e lunetas pra ver os arredores (dá pra ver a República Tcheca lá de cima!).
Mas, sinceramente, tudo isso é irrelevante comparado ao visual que se tem de cima das muralhas. Dá pra ficar horas e horas andando, olhando as paisagens da Saxônia e imaginando tudo que aquele lugar já viveu.
Confirma algumas imagens lá de cima. Magia é pouco pra descrever!
O que você achou desse visual? Incrível, não é mesmo? Já fico com saudades só de lembrar!
Ah! Um detalhe divertido que aconteceu quase no final da nossa visita. Estávamos indo tomar um café com a nossa guia, quando um barulho altíssimo de avião se aproximando começou a ecoar pela Fortaleza de Königstein.
Quando fomos procurar de onde esse barulho vinha, vimos um avião militar dando um rasante incrivelmente baixo, quase encostando nos prédios mais altos.
Nossa guia disse que era um avião do exército alemão, já que existe uma base militar ali perto. E os pilotos são famosos por dar esses rasantes de tempos em tempos porque acham a fortaleza tão bonita, que passam por lá durante os treinamentos para dar uma olhada.
Vai dizer que eles estão errados? :D
O Viagem Criativa viajou para Königstein com apoio da EasySim4U e da Festung Königstein! Todas as opiniões expressadas aqui são nossas!
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