Que a Finlândia é o paraíso para os fãs de heavy metal, não é nenhuma novidade. Afinal, o país tem simplesmente o maior número de bandas per capita no planeta (a gente acha esse ranking muito legal!). Por causa disso, o número de lojas de discos, bares temáticos, shows e festivais do estilo é imenso, em qualquer época do ano.
Uma das maiores e mais famosas bandas de lá atende pelo nome de Children of Bodom. Eles são bem conhecidos no Brasil também, e já vieram tocar aqui várias vezes. Desde que eu soube da existência deles, lá nos anos 90, fiquei curioso pra saber a origem desse nome tão diferente.
E essa origem é bem macabra. Children of Bodom (As Crianças de Bodom) refere-se a um horripilante e misterioso crime que aconteceu lá na Finlândia, em 1960.
No dia 4 de junho daquele ano, 4 jovens entre 15 e 18 anos, foram acampar nas margens do Lago Bodom, que fica na cidade de Espoo, cerca de 20 km de Helsinki. Entre 4 e 6h da manhã do dia seguinte, algo aconteceu no acampamento, deixando três deles mortos a pancadas e um gravemente ferido.
Mas como assim "alguma coisa aconteceu no acampamento"? Pois é! Isso é tudo que o mundo sabe até hoje!
Os crimes jamais foram solucionados, apesar de vários suspeitos terem sido investigados. A história é tão maluca que em 2004 (44 anos após o incidente), o único sobrevivente foi preso e acusado de ter matado os amigos. Ele sempre alegou inocência e um ano depois, no julgamento, foi inocentado por falta de provas e recolocado em liberdade, não sem antes beliscar uns 50 mil euros de indenização do governo finlandês.
Enfim, fiz toda essa introdução porque na nossa segunda visita à Finlândia, durante a Nordic Bloggers Experience, passamos um final de semana em Espoo, cidade onde fica o Lago Bodom.
A gente estava viajando junto com a Marcela e o Felipe, do Fotostrasse e todos nós somos bem interessados nessas histórias de crimes não resolvidos, serial killers e coisas do tipo. Logo, não demorou pra que tivéssemos a ideia de visitar o lugar dos assassinatos no Lago Bodom.
Perguntamos ao nosso guia do Visit Espoo, que, sem nos surpreender, também era fã de heavy metal, se poderíamos visitar o lago e na mesma hora disse que nos levaria lá.
Ele pareceu ter ficado bastante feliz com a nossa ideia, já que, segundo ele, quase nenhum turista pede pra visitar um lugar com esse histórico.
Às margens do lago, existe um complexo de esqui bastante popular. O lugar estava bem cheio, já que visitamos Espoo no auge do inverno nórdico (tinha até um simpático playground do Angry Birds, já que a Rovio, empresa que desenvolveu o jogo, tem sede na cidade).
Achei interessante o contraste. Um parquinho com personagens divertidos a poucos minutos de um lugar com essa história tão pesada.
Com alguns minutos de caminhada, fomos nos afastando dos esquiadores e paisagem já começou a ficar, digamos, mais obscura. As trilhas na neve, as árvores altas com galhos sem folhas, o vento gelado e a óbvia lembrança dos acontecimentos de 1960 deixavam o passeio ainda mais sinistro à medida que íamos entrando na mata.
Até que o guia nos parou e disse que havíamos chegado ao lugar onde os corpos foram encontrados. O cara achou tão legal nos levar lá, que ainda descolou um machado (!!!!) pra deixar nossas fotos mais condizentes com os fatos.
Não há nada que lembre do crime. Um memorial, uma placa, uma cruz... nada disso.
Apenas árvores e pedras, a poucos metros da água, num lugar plano e tranquilo. Dá pra imaginar que era, de fato, uma ideia agradável acampar ali. Uma pena que terminou tão mal.
Nosso guia nos deixou lá por alguns minutos, tirando fotos, gravando vídeos e encenando com o machado (novamente !!!) emprestado por ele.
E assim, fomos embora do Lago Bodom, cada um levando sua própria teoria sobre o caso, mas a incômoda certeza de que nunca vamos saber o que de fato aconteceu ali.
E com isso, o culpado jamais vai pagar pelo que fez. Uma triste realidade pra quem perdeu a vida!
O Viagem Criativa viajou à Finlândia e à Suécia a convite da Nordic Bloggers' Experience e com o apoio da Embaixada da Suécia no Brasil, Visit Stockholm, Fuego Digital, Miss Clara by Nobis e Nobis Hotel.
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