Pra ser "especialista" em alguma coisa hoje, basta ter uma conexão à internet e um pouquinho de tempo. Lendo meia dúzia de artigos da Wikipedia ou assistindo vídeos no Youtube, você já pode ser o cara mais bem informado da sua rodinha de amigos ou impressionar os parentes naquele almoço de domingo.
Obviamente, sempre há o risco de encontrar alguém que perdeu mais tempo do que você realmente estudando um determinado assunto, e aí as suas convicções de internet podem ir por água abaixo.
E de uns anos pra cá, uma das coisas que mais ganhou especialistas mundo afora foi a cultura do vinho. Todo mundo entende, todo mundo é sommelier. De verdade, eu acho isso ótimo, porque por mais chato e pedante que os entendidos possam parecer, o conhecimento serve pra aumentar a qualidade dos produtos existentes.
Mas eu confesso que vinho nunca foi minha onda. Nunca gostei do cheiro e muito menos do gosto. Respeito demais a cultura do vinho e por isso mesmo, depois de algumas tentativas, sei que meu lugar é longe das lindas garrafas dessa escultura líquida.
Só que a tal cultura do vinho não se resume a tomar inúmeras taças da bebida. Existe muito a se ler, aprender, entender e admirar dentro desse universo. E taí algo que eu gosto: entender como alguém, em algum lugar do tempo, imaginou que pisar em uvas e deixá-las por anos dentro de um barril de madeira poderia resultar em algo legal. Como esse negócio cresceu tanto, como adquiriu tantos apreciadores, como envolve tanto dinheiro e etc.
Enfim, me considero um interessado. Não um conhecedor, não um apreciador. E minhas irrisórias noções sobre o mundo do vinho vêm muito de assistir o programa do Lopes, o Homem do Vinho, mais por achá-lo um cara engraçado do que por qualquer outra coisa.
Depois de cruzar, literalmente, o país inteiro de carro, como parte da campanha Descubra a África do Sul, nosso grupo chegou até a Cidade do Cabo, onde ficamos por cerca de uma semana antes de voltar para o Brasil.
E entre as diversas atividades que tínhamos programado pra fazer lá, uma delas era fazer um tour pelas vinícolas da região. A África do Sul está entre os 10 maiores - e melhores! - produtores de vinhos do planeta e, mais especificamente, nos arredores da Cidade do Cabo estão as melhores vinícolas de lá. Pra ser bem específico, quase todas elas se localizam na cidade de Stellenbosch, parte da região metropolitana da Cidade do Cabo.
Dentre as várias empresas que promovem esse tour pelas vinícolas da Cidade do Cabo, o Guilherme e eu acabamos fazendo com a Wine Flies. O tour dura o dia inteiro, passa por cinco diferentes vinícolas, com almoço, transporte e - muita! - degustação de vinho pelo valor de 650 Rands, que hoje, abril de 2015, dá algo em torno de 160 Reais.
Então lá pelas 8 da manhã de uma sexta-feira, a van da empresa passou no nosso hostel pra nos levar nesse passeio. O guia era um cara grandão e incrivelmente simpático. Big G era o apelido dele, que fez questão que só o chamássemos assim.
Depois de passar em mais alguns hotéis pra pegar mais turistas, perto das 9 horas chegamos à primeira parada. Ali demos uma volta pela plantação de uvas, pelos tanques de processamento, barris, depósitos e tudo mais. E o Big G sempre explicando tudo e respondendo perguntas de maneira bem atenciosa.
Depois das explicações, perguntas e respostas, veio o que pra mim, foi o mais legal: as 9h30 da manhã começou a primeira das muitas degustações do dia. E porque eu achei legal, se não bebo vinho? Porque no nosso grupo tinha gente de tudo que é lugar e de todas as idades, então me diverti vendo umas senhoras de 60 e poucos anos entornando 4 taças de vinho logo no começo do dia, sem medo de julgamentos.
Aliás, foi nessa hora que fiz amizade com um senhor suíço que estava no grupo e prometi que daria todo o meu vinho pra ele. Ele, obviamente, se divertiu mais do que todo mundo ali! :D
A segunda parada do tour foi uma fazenda chamada Fairview, que é conhecida pelas harmonizações de queijos e vinhos. E essa parte, devo dizer, eu aproveitei bastante. Entre uma cheiradinha e outra nos vinhos, comi uns queijos incríveis e que harmonizaram perfeitamente com a minha barriga vazia.
E novamente, o meu amigo suíço saiu no lucro e tomou o dobro. Aliás, vocês podem vê-lo numa das fotos aí abaixo, com um bonezinho branco e coincidentemente uma camiseta escrito "Brazil". Mal sabia ele que um brasileiro o faria ter um dia de sorte naquela sexta feira! :D
O terceiro ponto de parada foi outra fazenda, muito bonita, onde rola o almoço do tour (já incluído no valor). Teve um braai, que é o churrasco sul-africano, com umas saladas bem gostosas. Havia também pratos vegetarianos.
E nessa fazenda teve também algo divertido. Num dos tanques de vinho, o Big G achou uma torneira e serviu vinho pra rapaziada ali mesmo, sem cerimônias.
Na sala ao lado, algo mais legal ainda. Um dos barris estava aberto e cada um de nós teve chance de usar um instrumento de vidro a vácuo para pegar o vinho lá dentro e tentar colocar numa taça sem deixar cair.
Como já era a terceira rodada de degustação, muita gente se complicou nessa hora, mas pra mim - de cara limpa - foi fácil!
Aliás, se você souber o nome desse negócio de vidro me avisa aqui nos comentários, porque eu não tenho a menor ideia de como ele se chama!
A próxima parada foi logo depois do almoço, e por isso mesmo o pessoal da Wine Flies coloca como a quarta visita uma vinícola onde é feita a harmonização de vinhos com chocolates.
Não me pergunte qual vinho combina com qual chocolate, infelizmente eu não vou saber te responder.
Mas te garanto que o chocolate tava uma delícia. Meu amigo suíço disse que o vinho também. E cada vez mais eu me divertia com o estado etílico do nosso grupo.
Lá pelas 4 e pouco da tarde, já era a hora de visitar a última das vinícolas da Cidade do Cabo.
Numa primeira olhada, ela parecia a mais simples de todas, mas pelo que me lembro, eu estava enganado. O dono daquele lugar é um ex-jogador da seleção sul-africana de rugby e produz um vinho de altíssima qualidade
Inclusive, era o vinho mais caro de todo o tour (ah é, esqueci de falar: em todas as paradas você pode comprar o vinho produzido ali, por um preço especial!) e mesmo assim foi o que o pessoal do nosso grupo mais comprou.
Eu prefiro acreditar que eles fizeram isso por ser bom mesmo, e não por já estarem quase fora de controle, alcoolicamente falando :D
Encerrado o tour pelas vinícolas da Cidade do Cabo, tudo que eu via era pessoa extremamente felizes, cantando, rindo alto e uma ou outra tropeçando no caminho de volta pra van.
Depois de todo mundo embarcado, deu pra ver que tinha gente planejando um cochilo durante o trajeto de volta pros hotéis.
Mas aí veio a ótima surpresa pra geral: o Big G, sacou mais duas garrafas de vinho e liberou pra rapaziada, no bico mesmo, continuar enchendo a cara no trânsito. Isso é o que eu chamo de anfitrião!
Então se você tá pensando em dar uma chegada lá na Cidade do Cabo e gosta de um bom vinho, não pense nem meia vez para entrar em contato com a Wine Flies.
Se um não bebedor de vinho se divertiu, imagina você? :D
O Viagem Criativa viajou à África do Sul a convite do South African Tourism e com o apoio do Travel Concept Solutions, South African Airways e Detecta Hotel