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Um dia na Ilha de Gozo (quando a Azure Window ainda existia!) - Viagem Criativa

Um dia na Ilha de Gozo (quando a Azure Window ainda existia!)

Desde que recebi o convite para participar do projeto Blog Island em Malta, cerca de três meses atrás, eu sabia que esse dia iria chegar: o dia em que eu postaria sobre a famigerada Ilha de Gozo.

A segunda maior ilha de Malta tem um nome engraçado pra gente aqui no Brasil, e faz o nosso lado quinta série ou "tiozão do pavê" aflorar com um número infinito de piadas envolvendo o nome de Gozo. Não serei eu a dizer que é um prazer visitar Gozo ou que estar em Gozo é altamente relaxante.

Enfim, como disse antes, Gozo é a segunda maior ilha de Malta, 6 quilômetros ao norte da ilha principal. Pra chegar até lá, só de barco. Sua população, pouco mais de 30 mil pessoas, vive majoritariamente de atividades rurais e pesca - assim como todo o país.

Como eu estava hospedado em Valletta, na Ilha de Malta, o meu dia de exploração a Gozo começou por lá. Da capital até o terminal Cirkewwa, de onde saem os barcos pra Gozo, são cerca de 30 quilômetros de distância. Esse trajeto normalmente leva cerca de 20 ou 30 minutos para ser feito, mas não em Malta. Lembro de ter mencionado no meu primeiro post que uma das minhas primeiras impressões sobre o país foi o quão barbeiros os motoristas de lá são. E a cada dia essa impressão se tornava uma certeza.

Não sou exatamente um entendedor de carros - nem ao menos sei dirigir um! -, mas lá em Malta uma boa autoescola faria fortuna. Além da má qualidade dos motoristas e dos carros velhos, as estradas são terríveis, quase sempre estreitas e com uma única pista de cada lado. Isso tudo faz com que trajetos relativamente curtos se tornem muito maiores.

Pra você ter uma ideia, a balsa que nos levaria à Gozo sairia às 9h30 da manhã e pra chegar lá a tempo, deixamos o hotel às 7h45! Sim, quase duas horas pra andar 30 quilômetros de carro. São números da hora do rush em São Paulo.

O caminho pro terminal de Cirkewwa é bem bonito e vai mostrando toda a beleza de Malta, coroado com uma passagem ao lado da Vila do Popeye, cidade cenográfica que foi construída no país como cenário do filme do marinheiro mais famoso da Terra, em 1980. Os moradores, depois de muita luta, conseguiram que a cidade cenográfica fosse preservada, sendo uma das maiores atrações turísticas de lá. Eu já havia escrito um post sobre esse lugar muito tempo atrás, quando o Viagem Criativa era apenas um blog onde eu compartilhava lugares que achava divertidos, bem antes de imaginar que conseguiria viajar por causa dele. Confesso que fiquei levemente emocionado por ver ao vivo um dos lugares que eu havia escrito no passado, sem grandes pretensões.

Ilha de Gozo - Vila do Popeye

Ilha de Gozo - Vila do Popeye

Passando a Vila do Popeye, são mais uns 10 ou 15 minutos pra chegar ao terminal, que estava bem cheio naquele sábado de manhã. Lá dentro existe uma lanchonete e você pode tomar um café enquanto espera o horário do seu barco.

A passagem de ida e volta pra Ilha de Gozo custa 4,60 Euros e cada trecho dura cerca de 20 minutos. É uma viagem bem tranquila: o barco é grandão e conta com bar, restaurante, áreas abertas e fechadas (bem concorridas, por causa do vento forte que é sempre presente por lá).

À medida que a balsa ia se aproximando, já dava pra ver um pouco da beleza da nova ilha que eu iria visitar. Logo no terminal de Gozo, a quantidade de novos prédios - e tantos outros ainda em construção - mostra que o destino vem sendo bastante procurado pra quem quer descansar. Tanto que a imensa maioria das pessoas ao meu redor era composta por velhinhos que claramente não têm mais muita preocupação com trabalho.

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Saindo do terminal, a oferta de guias, taxistas e qualquer tipo de transporte que te leve a explorar a ilha é gigantesca. A abordagem é sempre daquela maneira agressiva quando se trata de lugares essencialmente turísticos. Nada que assuste: basta ignorar aqueles com quem você não pretende fazer negócio.

Como nosso passeio por Gozo seria só naquele dia, optamos por pegar um daqueles ônibus de dois andares que fazem um tour pelos principais lugares. Eles são conhecidos como "hop on / hop off", já que te dão a possibilidade descer aonde quiser e pegar o próximo ônibus, sem a necessidade de pagar outra passagem. Apesar de não ser exatamente barato (11 Euros), ele tem uma grande vantagem: pontualidade!

Assim que você sobe no ônibus, recebe um programinha com todos os itinerários e horários, podendo se programar pro dia inteiro logo na chegada. Como os barcos de volta à Malta não operam durante a noite, essa programação é essencial pra que você não fique preso na ilha.

Outra coisa a ser levada em consideração é o vento. De verdade, ele é inacreditavelmente forte em todos os lugares do país, mas em Gozo é (ou pelo menos estava!) especialmente forte. Na verdade, o vento traz uma preocupação com o clima em geral. Isso porque a mudança de tempo acontece muito rapidamente por lá. De um céu azul, sem nenhuma nuvem, para um cenário nublado e chuvoso em apenas poucos minutos. E depois de meia dúzia de gotas, sol novamente. É meio estranho, fiquei apenas um dia lá e pude ver essa transição sol/chuva algumas vezes!

Voltando ao ônibus: com esse vento todo, ficar no segundo andar do ônibus torna-se uma tarefa para poucos e se você tiver um agasalho com gorro ou qualquer outro tipo de proteção para a cabeça, não se esqueça de levar!

Ilha de Gozo

A primeira parada foi no templo monolítico de Tal-Ġgantija, um grande complexo neolítico com mais de 5.500 anos, localizado bem no meio da ilha.

Esse templo está entre as mais antigas construções religiosas do planeta, e os moradores de Gozo juram de pés juntos que foram gigantes que fizeram tudo aquilo, para depois usá-lo como um lugar de culto à fertilidade.

Entrar lá custa caro: 9 Euros por pessoa. Sendo um Patrimônio Cultural da Humanidade reconhecido pela UNESCO, tudo ali é incrivelmente bem preservado. Não espere muita coisa além de uma linda visão panorâmica da ilha e algumas pedras empilhadas, mas isso já é suficiente pra deixar os visitantes meio que hipnotizados, já que não é todo dia que você visita algo tão velho.

Apesar desses 5.500 anos de história, uma das coisas que mais me chamou a atenção por lá foram algumas ações de vândalos que escreveram seus nomes (provavelmente franceses) nas pedras, ainda no século 19. Bem divertido ver datas como 1867 escritas nas pedras.

Na saída do templo, à espera o próximo ônibus, ainda dá pra se divertir numa lojinha de produtos típicos e, se der sorte (meu caso!), assistir a um treino de futebol para crianças na escolinha local. Pelo pouco que vi, Malta não deve ter uma geração de jogadores muito melhor do que a atual. Mas vai saber, né?

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Pertinho do Tal-Ġgantija, fica a capital e maior cidade da Ilha de Gozo. Curiosamente, ela tem dois nomes: Victoria e Rabat. Todas as placas citam os dois nomes e, se você for perguntar a alguém sobre a cidade, pode escolher qual dos dois usar.

Essa foi a nossa próxima parada, para conhecer a Citadela, uma espécie de castelo fortificado que já serviu para proteger a cidade dos inúmeros ataques ela já sofreu ao longo dos séculos.

Hoje, Citadela abriga a Catedral da Victoria (tem uma estátua do Papa João Paulo II bem na frente da entrada principal), além de uma série de lojas e restaurantes. Mas o grande atrativo é a vista que se tem de cima dos muros que a cercam.

Dá pra ver a ilha inteira e até mesmo reconhecer um outro lugar que você tenha passado. Assim como em todos os outros lugares de Malta, as igrejas saltam aos olhos pelo tamanho e imponência. Elas sempre se destacam na paisagem: nada pode concorrer com elas, visualmente falando!

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Depois da visita à Citadela, descemos até o centrinho de Victoria, pra comer alguma coisa e também dar uma olhada em como é a capital da Ilha de Gozo.

Como era um sábado, deu pra ver muita gente nos bares e restaurantes, se divertindo entre amigos. Ou seja, uma atmosfera bem mais amigável do que num dia útil.

Por ficar no meio da Ilha, Victoria tem algumas diferenças significativas em relação à Valletta, cidade que eu já estava relativamente familiarizado lá em Malta. Nada de baías, barcos ou mirantes pro mar.

Mesmo assim, as ruas estreitinhas, as casas com os tijolinhos marrons e o povo sempre sorridente são grandes similaridades entre as duas. Destaco duas coisas: o terminal de ônibus de Victoria, com fantásticas 3 vagas para ônibus (só na minha rua passam 50 numa hora!), e um grupo de simpáticos tios se divertindo entre uma cerveja e outra. Gostei tanto deles que parei pra conversar um pouco e pedi algumas fotos; eles prontamente deixaram e até fizeram pose. Foi só falar que era do Brasil que o papo já caiu pro futebol. Disseram estar torcendo pro nosso país na Copa e fizemos um brinde com a Cisk, deliciosa cerveja local.

Não à toa que eles viraram a foto de capa desse post!

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Não fiquei hospedado em Gozo, mas imagino que Victoria seja o melhor lugar pra isso, devido à sua localização, bem no centro da ilha, tornando os deslocamentos para os outros pontos relativamente iguais. E a melhor maneira de você encontrar hotéis baratos em Gozo ou hotéis baratos em Malta, é usando o Detecta Hotel. A ferramenta de busca e comparação deles é imbatível, e os caras ainda têm um app pra iPhone e Android que facilita ainda mais a vida dos viajantes. Só com o Detecta Hotel você pode conseguir descontos de até 80% no hotel!

Apesar de cada uma dessas visitas ter sido relativamente rápida e da pouca distância entre elas, em Malta você sempre deve levar em consideração a equação péssimos motoristas + carros velhos + estradas ruins ao calcular o tempo dos seus passeios.

Quando você pensar num tempo "x", automaticamente mude para 2x se houver deslocamento de carro entre os lugares. É chato, mas faz parte do jogo quando se visita Malta.

Sendo assim, saindo de Victoria, já estávamos indo pro último passeio em Gozo. Pra mim, o mais esperado. Quando comecei a pesquisar sobre o que ver lá, a Azure Window saltou aos meus olhos logo de cara. Muito mais do que todos esses lugares que você viu aqui em cima.

Imagine só um imenso arco natural, formado por pedras que ficam dentro de um mar incrivelmente azul. Essa paisagem incrível já estava na minha lista máxima de prioridades do país. O lugar é tão bonito que muita gente se arrisca a pular no meio dos arcos - o que é ilegal - para aproveitar a paisagem tão diferente. Você consegue encontrar facilmente no Youtube alguns vídeos disso.

A Azure Window já foi cenário de vários programas de TV, filmes e seriados. Inclusive, quem curte Game of Thrones já viu esse cenário na primeira temporada da série, no casamento de Daenerys com Khal Drogo.

Por conta da rápida mudança de clima, explicada começo do post, infelizmente peguei um céu meio nublado ao chegar na Azure Window. Evidentemente, nada que pudesse comprometer a beleza do lugar. Mas um baita sol faria uma boa diferença, sem dúvida.

É difícil descrever o quanto eu me senti pequeno diante daquela paisagem tão incrível. O chão, cheio de buracos, parece a Lua e aquele som do mar batendo nas pedras dão um clima perfeito pra ficar ali parado, sem fazer nada, só olhando pro arco e vendo o azul da água.

É bem fácil perder a noção do tempo e, consequentemente, o ônibus de volta pro terminal de onde as balsas saem. Portanto, o meu conselho é: reserve MUITO tempo pra Azure Window. Ela merece demais! :D

ATUALIZAÇÃO!


Com muita tristeza atualizo esse post para informar que no dia 08 de março de 2017, uma tempestade destruiu a Azure Window.
O arco se partiu e afundou no mar. Infelizmente essa atração não pode mais ser vista na Ilha de Gozo.
Uma pena! :(

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Ilha de Gozo

Esse post é resultado da campanha Blog Island Malta, criada e gerida pelo iambassador em conjunto com o Malta Tourism Authority e o apoio da Air Malta. O Viagem Criativa contou com o apoio do Detecta Hotel e mantem o total controle editorial do conteúdo publicado nesse blog.

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comentários

2 Responses

  1. Excelente!
  2. Excelente!
  3. […] mais de uma hora pra percorrer 16 quilômetros, afinal eu já comentei no post sobre a capital e sobre a Ilha de Gozo que dirigir bem não é uma qualidade que se pode dar aos […]
  4. […] cidade de Medina, na Arábia Saudita. Aliás, assim como Rabat (mesmo nome da capital do Marrocos) na Ilha de Gozo, só reforça a minha impressão inicial da gigante influência árabe por […]
  5. […] chegar até Comino, o caminho é o mesmo que usei pra ir à Ilha de Gozo: o terminal Cirkewwa, no norte da Ilha de Malta. Dessa vez eu peguei um ônibus em Valletta e foi […]
  6. […] já vão entender o porquê: assim como havia acontecido na minha viagem pra Malta, ao chegar em Durban eu dei de cara com um lugar em que já havia escrito a respeito, mesmo sem ter […]

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