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Ano novo em Bagdá, quer dizer, Berlim! - Viagem Criativa

Ano novo em Bagdá, quer dizer, Berlim!


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Quando resolvi que passaria meu fim de ano em Berlim, muitos amigos me alertaram sobre o que poderia acontecer. E eles fizeram isso das mais variadas formas, desde mensagens no WhatsApp até vídeos e fotos de Reveillons anteriores, posts com relatos de pessoas e inclusive seus relatos próprios. Tudo isso me deixou ainda mais curiosa sobre como seria essa virada germânica.

Realmente o clima é diferente, eu senti isso desde que cheguei, antes do Natal. As pessoas estavam mais barulhentas, as ruas mais sujas e os ânimos um pouco exaltados. Para ter uma noção de como eles encaram o ano novo em Berlim, dê uma olhada nas fotos abaixo:

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Essa é a vitrine de uma das lojas de fogos mais populares de Neukölln. Parece mais uma loja de armas do GTA V, não é? Essa loja vende artigos para festas, ou seja, tudo que você vê parece mortal, mas apenas pode ser nocivo. Repare nas luzinhas, estrelas e o pinguim na decoração! Um toque de fofura à violenta fila que fica à porta, com crianças e marmanjos de todas as cores e etnias, todos unidos pela vontade de fazer barulho e deixar sua marca no caos que envolve a cidade no fim de ano.

A quantidade de propaganda de fogos pela cidade só não era maior que a de cartazes de baladas. Era tanta informação que até eu, que já morei lá, achei um pouco demais. De qualquer forma, não deixei a tensão tomar conta e fui em frente na caminhada pela cidade, em busca de informações sobre qual era o melhor lugar para passar a virada na cidade. Depois de muitas controvérsias, decidimos ir para Kreuzberg, pois em Neukölln a coisa estava tão feia, que poderíamos ver e ouvir de lá.

Foto 1 Foto 2

Esperei pelo dia 31 como uma criança espera o dia de Natal. Aliás, passei o Natal todo pensando em como seria meu Ano-Novo. Eu estava muito ansiosa e todo rolê que eu dava pela cidade, me fazia pirar em como iria ser o Reveillon. Era só ficar 20 minutos na rua e já se ouvia fogos, garrafas quebrando, gente correndo meio tensa sem saber de onde vinha a explosão.

Eu passei a virada com meu namorado e a irmã dele (alemães), o namorado da irmã (americano) e mais um alemão amigo deles. Os alemães estão bem adaptados a esse tipo de comemoração, não que seja assim no país inteiro, na verdade isso é único de Berlim, mas eles são o tipo de gente que não se choca fácil.

Quando decidimos ir ao Görlitzer Park, fizemos por ser um ponto alto e de fácil fuga. O plano era ficar perto do Oberbaumbrücke (aquele que parece um castelinho), pois poderíamos ver o que rolava perto do rio e até ver um pouco da beleza em meio às explosões e do barulho. "Parece que o mundo vai acabar, mas aí depois fica tudo normal", disse meu amigo Felipe Tofani. No final das contas, paramos no Görlitzer mesmo, pois estava impossível caminhar pelas ruas sem levar uma rajada de qualquer coisa no caminho.

"This is fucking Baghdad", disse o americano que estava com a gente. E parecia mesmo. O barulho é indescritível e o que se vê são 3 fogos coloridos contra 800 fogos barulhentos que parecem mísseis caindo sem parar. O negócio é não se deixar levar pelo medo do barulho: a graça está naquele momento em que todos gritam e põem para fora toda aquela euforia que ficou guardada. O Ano-Novo em Berlim é um tipo de terapia do grito, você espanta seus demônios e começa o ano de alma lavada.

O que se vê depois disso é a cidade tentando voltar ao normal, superando, pouco a pouco, todo rastro de caos e liberdade, entrando na linha lentamente para começar o ano com o pé direito. De qualquer forma, consegui registrar o pós-farra com um ponto de vista de quem já saiu muito por lá e se surpreendeu. Nem depois de um vendaval a cidade tinha ficado assim.

Foto 1(1) Foto 5

Não que a cidade estivesse destruída. Ela estava bagunçada, violada, mas permanecia imponente e apaixonante. Eu não me arrependi nenhum minuto dessa viagem e muito menos de ter passado lá a virada novo, por mais que eu tenha me queimado - literalmente, mas nada grave, apenas um incômodo por consequência de um cara que achou legal acender um rojão bem ao meu lado e não me avisar. Apesar de eu ter me assustado muito achando que o silêncio finalmente chegaria, até que uma nova rodada de rajadas vinha e que eu tenha ficado com um pouco de medo (bem pouco), a viagem não teve preço, meu primeiro Natal e primeiro Ano-Novo fora do Brasil, foi em Berlim, a  minha cidade favorita do momento!

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A vista do canal continuava linda!

Foto 3

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comentários

4 Responses

  1. Resumindo... um final de ano mais legal e tranquilo que o daqui e com muito menos sujeira nas ruas.
  2. Isso é aterrorizante?? haha q falta de assunto para blogar pois até numa favela aqui no brasil é mais assustador com aqueles 12x1 com a aquela bomba mais forte sempre estourando num quintal ou telhado de alguém.
  3. Can I post this on my twitter?

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